A fisiologia da alimentação é um processo complexo e multifatorial que é controlado por diversos mecanismos que envolvem o sistema nervoso central e a atividade de órgãos que participam na homeostase energética. De maneira geral, o organismo tenta controlar esse balanço energético mandando sinais para o sistema nervoso central que vão induzir à alimentação (sinais orexigênicos) ou gerar a saciedade (sinais anorexigênicos). O intuito do balanço entre esses sinais é que o animal mantenha um peso corporal estável. Porém, na presença de doenças agudas ou crônicas, o controle nervoso da ingestão de alimento está alterado devido à inflamação, ocorrendo, então, descontrole entre sinais orexigênicos e anorexigênicos. De tal forma que haverá redução da ingestão calórica e perda de peso.
A falta de apetite nos pets é um dos sinais clínicos mais comumente observados por tutores que os levam a procurar o auxílio do médico-veterinário. Esta, pode ser parcial (hiporexia) ou total (anorexia) e pode ser ocasionada por diversos fatores: sejam eles fatores ambientais/comportamentais, relacionados à alguma doença de base ou, até mesmo, ocorrer devido ao uso de medicações que gerem a perda de apetite/náusea. Porém, independentemente da causa da
hiporexia ou anorexia, é de fundamental importância que haja o reestabelecimento do balanço energético e que o animal volte a se alimentar adequadamente o mais rápido possível.
Em diversos estudos, já foi observado que animais que tiveram suporte nutricional adequado durante o período de hospitalização, também apresentaram alta hospitalar mais rápida. Deste modo, segundo as diretrizes nutricionais do World Small Animal Veterinary Association, animais que estão há três ou mais dias com hiporexia/anorexia são elegíveis à colocação de sondas de alimentação. Entretanto, mesmo em períodos inferiores a este (< 3 dias) em que a alimentação do animal não está adequada já é aconselhável o controle da ingestão calórica e o suporte nutricional. Em tais ocasiões os orexígenos ou, mais comumente conhecidos como estimulantes de apetite, podem ser utilizados.
Historicamente, diversas medicações (esteróides anabolizantes, corticoesteróides, bezodiazepinas) já foram utilizadas como estimulantes de apetite de forma arbitrária. Apesar de que tais medicações apresentem um efeito orexígeno secundário, elas também apresentam diversos efeitos adversos e o seu uso para tal finalidade não deve ser recomendado. Devido a isso, neste artigo, tais medicações não serão abordadas. Porém, há alguns anos, outras medicações, consideradas mais seguras, estão sendo utilizadas devido à potencial ação orexigênica.
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