Como todos sabemos, os animais fazem parte da família, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e, também, nas férias e das viagens que fazemos nesse período. No entanto, são necessários cuidados específicos com os pets na hora de viajar e, para entender tais cuidados, a médica-veterinária gerente Técnica Pets da Boehringer Ingelheim, Karin Denise Botteon, explica mais sobre o assunto.
O tutor deve, ao escolher destinos nacionais e utilizar carros, seguir todas as regras e legislações de trânsito vigentes no País que, basicamente, exigem que os animais sejam transportados em caixas de transporte e com cinto de segurança. Segundo Karin, não é permitido que o animal fique solto no veículo, pois isto pode comprometer a segurança do animal e do condutor, podendo causar acidentes. “Para viagens aéreas nacionais, é importante consultar as exigências da companhia aérea com a qual o animal vai viajar. Geralmente, as companhias aéreas exigem um atestado de saúde (Atestado Sanitário para o Trânsito de Cães e Gatos) assinado por um médico-veterinário, onde devem constar informações de vacinação e estado de saúde do animal, importante se informar com o veterinário e com a cia aérea, as datas que as vacinas precisam ter sido realizadas antes do embarque pois há regras específicas para isto também”, afirma.
No caso de viagens internacionais, o preparo é um pouco maior e deve ser realizado com antecedência, pois, explica Karin, geralmente, são exigidos diversos documentos comprobatórios de saúde, incluindo a sorologia contra raiva. “É recomendado ao tutor consultar o site oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária, visto que podem haver exigências diferentes entre os países.
Um ponto importante levantado por Karin é em relação ao treinamento para viagens, seja em transporte de carro ou por via aérea. “Idealmente se deve treinar o animal desde filhote para evitar ansiedade e garantir a segurança do pet. Acostumá-lo adequadamente à caixa de transporte é fundamental. A caixinha de transporte deve ser entendida pelo pet como um lugar seguro, um refúgio e não um local relacionado ao medo e experiências negativas. Portanto o uso da caixa de transporte como ‘cama’ para o dia a dia pode ser uma maneira do animal associar o local a algo agradável”.
No caso de animais que não toleram o movimento do carro e passam mal, é importante consultar o veterinário para avaliar a necessidade do uso de medicações antieméticas e orientações de jejum. “Para viagens longas de carro, planejar algumas paradas também deve ser considerado para que o cão faça suas necessidades”, explica a médica-veterinária.
Karin recorda que não é recomendado o uso de medicações tranquilizantes (anestésicos ou sedativos) para viagens aéreas ou mesmo de carro, pois isto pode comprometer a segurança do pet, já que estas medicações podem alterar o estado normal de saúde do animal (podem alterar frequência cardíaca e respiratória e a temperatura corpórea), portanto, treinamento é a chave para uma viagem tranquila, seja de avião ou de carro.
Karin afirma que seguir as recomendações e legislações de transporte do animal é importante para garantir a segurança. “Da mesma forma, seguir regras dos locais de destino, por exemplo, diversas praias não permitem o ingresso de cães, então respeitar as regras locais é importante”, afirma e completa que, durante a viagem, seja por carro ou avião, garantir uma caixa de transporte segura e confortável para o tamanho do animal e que ele tenha conforto térmico é fundamental. “Uma das causas mais comuns de acidentes com o transporte de animais é o ‘Heat Stroke’ ou ‘Intermação – choque pelo calor’, que ocorre quando o animal é submetido a temperaturas elevadas (locais quentes, abafados e sem ventilação) por um período (mesmo curto) de tempo, resultando num rápido aumento da temperatura corpórea do animal que pode resultar em diversas alterações graves no organismo do animal como problemas de coagulação, edema pulmonar (acúmulo de água no pulmão), entre outras”, diz.
A médica-veterinária explica que os cães não conseguem controlar a temperatura pelo suor como os humanos já que possuem poucas glândulas sudoríparas, que ficam localizadas principalmente nas regiões de coxim (almofadinha das patas). Assim, a principal forma de troca de calor nos cães é pela língua e respiração, por isso ficam ofegantes quando estão com calor. “O ‘Heat Stroke’ é uma emergência médica e pode levar o animal a óbito rapidamente, portanto prevenir que isto aconteça é muito importante. Evite passeios em horários mais quentes do dia, sempre respeite o ritmo do animal durante os passeios, tenha sempre água fresca para oferecer ao cão e acesso a áreas de sombra e paradas para descanso. Nunca deixe o animal fechado em veículos, mesmo que o clima esteja ameno e ao deixá-lo sozinho em casa, garanta acesso a locais frescos com sombra e com água sempre disponível. Cães de raças braquicefálicas como pug, buldogue francês, buldogue inglês e boxer, por exemplo, por conta da conformação anatômica do focinho tem uma predisposição maior a este tipo de evento, então uma atenção redobrada é exigida para estas raças. Os sinais mais comuns caso a temperatura do cão esteja se elevando são: ofegância excessiva, aumento dos batimentos cardíacos, inquietação ou letargia, pele muito quente e hipersalivação”, diz.
Carteirinha em dia
Viajando ou não, uma coisa é importante para o bem-estar dos pets: que a vacinação esteja em dia. “As vacinas têm um papel importante na prevenção de diversas doenças infecciosas, portanto as vacinas em dia, podem garantir que o animal esteja protegido contra essas doenças caso seja exposto durante a viagem”, afirma Karin.
Segundo ela, a ocorrência de doenças infecciosas pode, sim, variar de acordo com a região geográfica. “As doenças para as quais a maioria das vacinas caninas protegem acabam ocorrendo em todo território nacional, porém o ambiente ao qual o animal será exposto pode influenciar a decisão de quais vacinas o paciente precisa receber. Por exemplo, áreas com rios, alagadas ou ambientes rurais podem oferecer um risco maior para o contato com roedores, que são os principais reservatórios para a leptospirose. Já animais expostos a ambientes com alta concentração de animais como creches e hotéis podem ter um risco aumentado de contrair a traqueobronquite infecciosa canina, popularmente conhecida por ‘gripe canina’”, afirma.
Karin comenta que doenças como cinomose e parvovirose podem ocorrer em qualquer lugar, basta que o cão tenha acesso a um local contaminado com estes agentes. “Tendo em vista que, infelizmente, temos uma grande população de cães de rua ou com acesso livre à rua e que nem sempre foram vacinados, a proteção contra estas doenças é extremamente importante”.
Da mesma forma, a proteção contra a raiva, que também é um risco no Brasil, é de suma importância. “Um contato inesperado com um animal infectado (seja animal doméstico ou silvestre) pode ocorrer e, portanto, os cães precisam estar protegidos sempre. Em caso deste tipo de acidente (mordedura, arranhadura por um animal de origem desconhecida), recomenda-se levar o cão imediatamente para a consulta veterinária”, orienta Karin.
Linha Recombitek
A Boehringer Ingelheim possui a linha de vacinas Recombitek que pode auxiliar na proteção e bem-estar dos cães durante viagens. Segundo Karin, a linha é composta por quatro vacinas que são utilizadas pelos médicos-veterinários de acordo com o risco e estilo de vida dos cães.
“As vacinas Recombitek C4/Cv, Recombitek C6/Cv e Recombitek Max são vacinas múltiplas para cães e protegem contra as principais doenças infecciosas que podem acometer os cães: cinomose, parvovirose, adenovirose (hepatite infecciosa) e adenoviose respiratória, parainfluenza e coronavirose. A diferença entre estas três vacinas está na ausência ou presença das cepas de leptospira e na quantidade de leptospiras: a Recombitek C4/Cv não contém as cepas de leptospira na sua composição, a Recombitek C6/Cv contém apenas duas cepas de leptospira e a Recombitek Max contém quatro cepas de leptospira”, detalha.
Já a Recombitek Oral Bordetella é uma vacina inovadora e administrada pela via oral, sendo indicada para a prevenção dos sinais clínicos relacionados à traqueobronquite infecciosa canina causada pela bactéria Bordetella bronchiseptica. “Além da linha Recombitek, a Boehringer conta com a Rabsin-i, que é a vacina antirrábica para cães e gatos”.
Ainda sobre as vacinas, Karin comenta que as vacinas devem ser feitas anualmente de acordo com as recomendações de bula e sempre por um médico-veterinário. “A linha Recombitek oferece flexibilidade de protocolos de acordo com o risco e estilo de vida do cão”.
A médica-veterinária afirma, ainda, que cães devidamente vacinados e acompanhados periodicamente pelo médico-veterinário têm uma chance muito maior de viverem com maior qualidade de vida e por mais tempo pois estarão protegidos contra doenças infecciosas que muitas vezes são fatais.
“De acordo com a ‘Global Animal Health Association, a vacinação oferece uma maneira efetiva e não onerosa de prevenir doenças que colocam em risco a saúde dos animais e, até mesmo, de seres humanos. Doenças como a raiva, por exemplo, ainda matam mais de 50 mil pessoas por ano em algumas regiões do mundo como na África e Ásia, onde os cães ainda são o principal transmissor da doença e a maneira mais efetiva de se evitar isso é justamente com a vacinação em massa da população canina, esforços que tem sido apoiado pela Organização Mundial da Saúde. O Grupo das diretrizes de Vacinação do WSAVA (World Small Animal Veterinary Association) recomenda fortemente que todos os cães e gatos tenham a oportunidade de receber os benefícios da vacinação não somente porque há a proteção do indivíduo, mas, também, porque isso fortalece a ‘imunidade de rebanho*’ minimizando os riscos de surtos de doenças infecciosas que podem facilmente prejudicar muitos e muitos animais”.
Algo que os tutores não precisam se preocupar é em relação à qualidade dos produtos, Karin cita que produtos biológicos, como as vacinas, passam por rigorosos controles das autoridades regulatórias, desde o país de origem, onde são produzidas até a chegada aos países onde serão comercializadas, visto que as autoridades regulatórias locais também fazem uma análise criteriosa de todos os documentos que atestam a qualidade, rastreabilidade, eficácia e segurança a fim de autorizar sua comercialização. Isto é uma forma de garantir a qualidade dos produtos e certificar que a indústria segue todas as boas práticas para fabricação e comercialização.
Protegendo contra os parasitas
Quanto à prevenção de infestações por parasitas, Karin comenta que é importante que a prevenção contra pulgas e carrapatos ocorra o ano todo, visto que o Brasil é um País tropical, que oferece um clima propício à sobrevivência e proliferação destes parasitas que estão em todos os lugares. “Mas não podemos deixar de citar que parasitas não visíveis também podem oferecer risco a saúde dos cães, como as verminoses, que podem causar desconforto, sintomas gastrointestinais e até mesmo oferecer risco à saúde da família, já que alguns vermes são zoonoses, ou seja, os ovos e larvas destes vermes podem contaminar seres humanos que entrarem em contato com locais contaminados. Portanto, o uso periódico de produtos vermicidas também é importante. Consultar o médico-veterinário para saber a frequência de uso de acordo com o risco é recomendado. Os produtos NexGard® e NexGard Spectra® são antiparasitários na forma de tablete oral e mastigável, recomendado para cães adultos e filhotes a partir de dois meses de idade e dois quilos de peso, para uso mensal. O NexGard® tem indicação para o tratamento e controle de pulgas e carrapatos, enquanto o NexGard Spectra®, é indicado no tratamento e controle de infestações por pulgas e carrapatos, além do tratamento da sarna de ouvido (Otodectes cynotis) e os principais vermes intestinais de cães: tricurídeos, ascarídeos e ancilostomídeos”.
Um ponto de atenção é para viagens a locais endêmicos para determinadas doenças como áreas em que ocorre a dirofilariose, que é o verme do coração, mais comum em áreas litorâneas e áreas com alta ocorrência da leishmaniose, presente em muitos locais do Brasil. “Para prevenção destas doenças, existem ferramentas específicas como medicamentos e/ou uso de coleiras repelentes, portanto é importante consultar o médico-veterinário para que ele indique a melhor forma de prevenção”.
Planejar é essencial
Para evitar imprevistos relacionados à saúde do pet durante as férias, é essencial que os tutores se organizem com antecedência. “Ter em mãos o contato do médico-veterinário para orientações é sempre recomendado, bem como ter a indicação de uma clínica ou hospital de emergências no local de destino para possíveis imprevistos”, orienta Karin.
Ela ainda instrui a levar os itens básicos do pet, como ração que ele está acostumado, potinhos de água e comida e eventuais petiscos, caso o animal esteja habituado. “Evitar levar o pet em locais que conhecidamente ofereçam riscos. Por exemplo, se o cão não está acostumado a nadar, tomar o cuidado com locais com piscina é importante para evitar um acidente. Aliás, é sempre bom evitar deixar o pet sem supervisão em locais com piscinas, pois mesmo aqueles animais que já tenham tido contato e nadam, podem não conseguir sair do local caso caiam, já que muitas piscinas não tem área de recuo com escadas fixas em chão e tem bordas lisas”, diz.
Outra orientação dada por Karin diz respeito ao check-up. “Se o animal passa por check-ups periódicos, não é necessária a consulta imediata antes da viagem. No entanto, caso o check-up não esteja em dia, uma consulta para garantir que está tudo bem, é sempre bem-vinda. Pacientes de meia-idade a idosos (a partir de 7-8 anos) demandam um cuidado maior, pois podem sofrer com doenças silenciosas (ou seja, que não apresentam sintomas evidentes), portanto fazer um check-up com exames de rotina com hemograma, função renal e hepática, um bom exame físico e até outros exames complementares pode ser importante. Animais que têm diagnóstico de doenças crônicas como cardíacas ou ortopédicas, demandam uma orientação do médico-veterinário para o manejo da doença durante o período da viagem até para que o tutor fique alerta a possíveis sinais de descompensação da doença e procure auxílio profissional no local de destino”.
Voltando para casa
Depois de retornar de uma viagem, é importante estar atento ao comportamento do cão. “Qualquer alteração fora do usual para o animal deve ser encarada como ponto de atenção e demanda a avaliação de um veterinário: diminuição da ingestão de alimentos, alteração no padrão de fezes e urina, ficar mais quieto ou apático, dificuldade locomotora, etc.”.
Para não errar
Por fim, Karin aponta alguns possíveis desafios dos tutores na hora da viagem. “O principal desafio que os tutores podem enfrentar é quando não treinaram adequadamente os pets, preparando-os para o uso da caixa de transporte e o contato com veículos. Geralmente, os tutores acabam se preocupando com isto no momento que surge a necessidade e aí os animais podem não se adaptar a situação, ficarem ansiosos e com medo. Consultar um veterinário especialista em comportamento é super recomendado para animais que já enfrentam este desafio, pois o profissional irá desenvolver uma estratégia de treinamento para aliviar o estresse associado a estas situações”, diz.
“Outro ponto de atenção é se informar com o médico-veterinário sobre os riscos de doenças infecciosas no local de destino pois o nosso País é muito grande e a ocorrência de determinadas doenças pode ser mais comum em determinadas áreas. Com a informação correta, é possível proteger adequadamente o pet de acordo com as necessidades”, finaliza.
*Imunidade de rebanho – definição segundo a Organização Mundial da Saúde: situação em que uma população é indiretamente protegida de uma doença infecciosa graças a imunização de uma parte dos indivíduos daquela população, seja por meio de vacinação ou pela ocorrência da doença.
FAQ
Quais são os cuidados essenciais ao viajar com animais de estimação de carro ou avião?
Ao viajar de carro, é obrigatório transportar os animais em caixas de transporte ou com cintos de segurança específicos, garantindo a segurança de todos no veículo. Em viagens aéreas, é necessário verificar as exigências da companhia aérea, como apresentação de um atestado sanitário emitido por um médico-veterinário, com informações sobre vacinação e estado de saúde do animal de estimação.
Como proteger os animais de estimação de condições extremas de temperatura durante viagens?
Evite expor os animais a locais quentes, abafados e sem ventilação, pois isso pode levar a um quadro de “Insolação” ou choque térmico, que pode ser fatal. -se de que o transporte garante conforto térmico, acesso a água fresca e ventilação adequada. Nunca deixe o pet sozinho em veículos, mesmo em clima ameno, e tenha cuidado redobrado com raças braquicefálicas, como pugs e buldogues, que são mais vulneráveis ao calor.
Por que é importante consultar o médico-veterinário antes de viajar com um animal de estimação?
O veterinário pode orientar sobre check-ups de saúde, vacinação em dia, e medidas preventivas contra doenças específicas do destino, como dirofilariose ou leishmaniose. Além disso, ele pode recomendar produtos antiparasitários e oferecer estratégias para aliviar a ansiedade do animal de estimação em viagens. Para animais com condições crônicas, o veterinário pode ajustar o manejo da doença e alertar sobre sinais que bloqueiam a atenção durante a viagem.
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