Natalia Ponse, da redação (natalia@ciasullieditores.com.br)
O dia 17 de novembro traz consigo o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, data que deu origem ao movimento Novembro Azul, responsável por divulgar informações sobre a doença e como preveni-la – cuidado que se estende para além dos humanos.
A doença também acomete os peludos (cães, com maior frequência) e, de acordo com a diretora Técnica do Pet Care Hospital Veterinário, Sibele Konno, os tumores de próstata possuem um prognóstico sombrio, muitas vezes, associado ao diagnóstico tardio.
Por isso, os check-ups e avaliações periódicas se tornam verdadeiras oportunidades de ouro para um diagnóstico mais precoce. Na consulta, perguntar sobre os hábitos de micção e defecação do paciente pode trazer informações importantes que direcionam a um diagnóstico mais precoce.
“Também, associado a isso, o toque retal se faz importante no exame físico dos pacientes, assim como a inclusão das dosagens de eletrólitos (cálcio, fósforo, sódio, potássio, cloro) nos check-ups dos pacientes”, insere Sibele.
Tanto o tutor, no dia a dia, quanto o médico-veterinário, na avaliação periódica, podem observar alguns sinais de alerta, segundo Sibele. A doença se mostra mais frequente em cães acima de cinco anos, com disúria (dor, queimação, ardência ou desconforto durante ou após o ato de urinar), hematúria (sangue na urina), estrangúria (emissão lenta e dolorosa da urina) e/ou disquesia (dificuldade de evacuar).
Sibele ainda pontua outros sinais um pouco menos específicos, que também podem servir de pontos de atenção quanto à doença: perda de apetite, dificuldade de andar, dor abdominal e vômitos.
No caso dos gatos, os sinais clínicos são os mesmos, apesar de os casos serem mais raros. “Quanto ao tratamento, a aceitação e reações adversas a algumas medicações podem ser mais exacerbadas nos felinos”, afirma a diretora Técnica.
Sibele conta que o início do diagnóstico deve ser pela anamnese (sinais clínicos) junto ao exame físico (aumento da próstata) e confirmado ou completado pela investigação por meio de exames complementares (ultrassonografia abdominal, exame de urina, citologia de lavado prostático, pesquisa de do gene de mutação BRAF na urina, histopatológico, dosagem de cálcio sérico). “A presença de metástases e o acometimento de estruturas adjacentes pode ser um importante fator no prognóstico da doença”, fala.
O prognóstico do tumor é melhor quando há menos complicações (sinais clínicos e presença de metástases), como comentado pela profissional. “O tratamento sintomático sempre é possível e recomendável. Já o tratamento curativo e definitivo não é comum, dependendo muito das condições iniciais do animal no diagnóstico”, explica a profissional.
Depois do “positivo”
Mas, será possível evitar o surgimento deste mal? De acordo com Sibele, existem vários fatores de risco para o surgimento de tumores de próstata, entre eles, o ambiente onde o animal está inserido, fatores genéticos e hereditários: “A mutação do gene BRAF foi encontrada em diversos pacientes com carcinoma prostático, demonstrando como a genética pode influenciar no surgimento de tumores”.
Ainda de acordo com ela, não há um consenso se a castração de machos interfere no desenvolvimento de tumores prostáticos. Ainda assim, o tumor de próstata em animais, assim como em seres humanos, geralmente é de característica maligna. E pelo diagnóstico, muitas vezes tardio, os animais já podem apresentar metástases.
Por isso, a hora de dar a notícia ao tutor deve envolver cuidado e sensibilidade. “Muitos tutores, já passaram pela experiência de ter um ou mais membros da família afetados por câncer, por isso, a forma deve ser leve, aos poucos e focando na qualidade de vida e nas possibilidades de tratamento”, recomenda Sibele.
As opções de tratamento incluem quimioterapia, radioterapia e cirurgia. A decisão de cada um irá depender do estágio da doença, presença de metástases e das considerações emocionais e financeiras do tutor.
E, para o tutor, quais são os próximos passos após o diagnóstico? Planejar o apoio ao tratamento e comprometimento tanto nos retornos, medicações, exames e na manutenção da saúde e qualidade de vida do paciente durante o tratamento, pontua a médica-veterinária. “Isto inclui o direcionamento de um médico-veterinário especialista ou especializado em Oncologia e profissionais que auxiliem os tutores nessa jornada, como paliativistas”, complementa.
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