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Clínica e Nutrição

Cirurgia exploratória auxilia no diagnóstico e tratamento de doenças em cães e gatos

Trauma e obstruções intestinais estão entre os principais casos que exigem o procedimento cirúrgico
Por Cláudia Guimarães
cirurgia
Por Cláudia Guimarães

Você já ouviu falar sobre cirurgia exploratória? Trata-se de um corte na região do abdômen para diagnosticar ou tratar problemas na cavidade abdominal. Esse procedimento permite ao médico-veterinário avaliar diretamente os órgãos internos do animal, identificar possíveis lesões, tumores, obstruções ou outras anormalidades que não foram detectadas por exames de imagem, como ultrassonografia, radiografia e tomografia,

Segundo o médico-veterinário, fundador e responsável do Centro Veterinário de Oncologia e Oftalmologia (ONCOFT), Dr Usman Abdulhadi Usman Phd, é uma intervenção que pode ser tanto diagnóstica quanto terapêutica, dependendo dos achados durante o procedimento.

A cirurgia exploratória pode ser indicada em cães e gatos quando há sinais clínicos persistentes que não permitem um diagnóstico preciso apenas com exames práticos (Foto: reprodução)

A cirurgia exploratória pode ser indicada em cães e gatos quando há sinais clínicos persistentes que não permitem um diagnóstico preciso apenas com exames práticos. “Entre os sinais clínicos que sugerem a necessidade desse procedimento, destacam-se: vômitos persistentes, traumas acidente que podem indicar obstruções intestinais, perfurações ou inflamações graves, e quadro de abdômen agudo, condição caracterizada por dor intensa, distensão abdominal, sensibilidade ao toque e outros sinais sugestivos de emergência cirúrgica”, explica Usman.

Mas, como explicado pelo veterinário, em casos de dores abdominais sem causa aparente, a cirurgia exploratória não deve ser a primeira opção. “O melhor recurso é o diagnóstico. A cirurgia é a última escolha, desde que não seja uma emergência”.

Isso porque a abordagem inicial deve focar em exames clínicos detalhados e exames complementares, como ultrassonografia, radiografia e testes laboratoriais, para tentar identificar a causa da dor sem a necessidade de um procedimento invasivo. “No entanto, quando o quadro do animal indica uma emergência, como em casos de abdômen agudo, suspeita de perfuração, obstrução intestinal grave ou sangramento interno, a cirurgia exploratória pode ser essencial para salvar a vida do pet. Ou seja, a decisão pela cirurgia só deve ser tomada quando todos os recursos diagnósticos foram esgotados ou quando há risco iminente para o animal”, reitera.

Casos recorrentes

Durante uma cirurgia exploratória em cães e gatos, uma das condições mais comuns identificadas, segundo o profissional, é o trauma. “Esse tipo de intervenção é frequentemente necessária quando o animal sofre acidentes, quedas, atropelamentos ou impactos que possam ter causado lesões internas”, comenta.

O trauma, se não tratado imediatamente, pode resultar em:

  • Hemorragias internas – Necessitam de intervenção imediata para controle do sangramento;
  • Perfuração de órgãos – Pode ocorrer no estômago, intestinos ou bexiga, exigindo reparo cirúrgico;
  • Ruptura de órgãos – Como fígado ou baço, o que pode levar a complicações graves.

“Além do trauma, outras condições que podem ser diagnosticadas e tratadas durante a cirurgia exploratória incluem obstruções intestinais, causadas por corpos estranhos, tumores ou torção intestinal; infecções e inflamações graves, como peritonite, pancreatite severa ou abscessos internos; e neoplasias, quando exames não conseguem determinar a localização ou a extensão da lesão”, aponta.

Antes da cirurgia, animal deve fazer exames laboratoriais, hemograma e bioquímica hepática e renal, além de eletrocardiografia e ecocardiografia (Foto: reprodução)

Segurança durante o procedimento

A segurança de realizar uma cirurgia exploratória em animais com quadro clínico instável depende de uma avaliação criteriosa do estado geral do paciente. O veterinário destaca que é essencial monitorar diversos parâmetros antes e durante o procedimento, incluindo:

  • Pressão sistêmica e oxigenação (O₂) – Avalia a perfusão dos tecidos e a capacidade do organismo de manter funções vitais;
  • Temperatura corporal – Hipo ou hipertermia podem indicar choque ou inflamações graves;
  • Glicemia – Níveis anormais podem indicar estresse metabólico, sepse ou insuficiências orgânicas;
  • Lactato – Elevado em casos de hipóxia tecidual e choque, ajudando a determinar a gravidade do quadro;
  • pH sanguíneo – Indica possíveis desequilíbrios ácido-base que afetam a estabilidade do paciente.
Usman Abdulhadi Usman é médico-veterinário, fundador e responsável do Centro Veterinário de Oncologia e Oftalmologia (Foto: divulgação)

“Além desses, exames laboratoriais, hemograma e bioquímica hepática e renal, além de eletrocardiografia e ecocardiografia, são fundamentais para entender a capacidade do animal de suportar a cirurgia. Se os parâmetros indicarem risco elevado, a estabilização clínica deve ser priorizada antes da intervenção cirúrgica”, adiciona.

De acordo com Usman, a cirurgia exploratória em cães e gatos, apesar de ser uma ferramenta essencial para diagnóstico e tratamento de certas condições, envolve riscos significativos. “Um dos principais riscos é não atingir o objetivo desejado, seja diagnóstico ou terapêutico, além da possibilidade de óbito”.

Mas, nos casos em que tudo ocorre como previsto, na fase de recuperação, é preciso focar no manejo da dor, que também influencia no sucesso do procedimento. O veterinário destaca a importância da analgesia multimodal, que consiste no uso combinado de diferentes classes de medicamentos para controlar a dor de forma mais eficaz e reduzir efeitos colaterais.

FAQ

O que é uma cirurgia exploratória em cães e gatos e quando ela é indicada?
É um procedimento cirúrgico no qual o veterinário abre a cavidade abdominal do animal para diagnosticar ou tratar problemas internos que não foram detectados por exames de imagem. Ela é indicada em casos de sinais clínicos persistentes, como vômitos recorrentes, traumas, obstruções intestinais ou abdômen agudo, quando não há um diagnóstico preciso por outros meios.

Quais são os principais riscos associados à cirurgia exploratória?
Os principais riscos incluem complicações anestésicas, hemorragias, infecções pós-operatórias e a possibilidade de não atingir o objetivo desejado, seja diagnóstico ou terapêutico. Em casos mais graves, há risco de óbito.

Como é feita a recuperação do animal de estimação após a cirurgia exploratória?
A recuperação envolve manejo de dor com analgesia multimodal, segurança, monitoramento de sinais específicos, alimentação adequada e acompanhamento veterinário para garantir que não haja infecções ou complicações.

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