Os latidos são a principal forma de comunicação dos cães. Porém, alguns animais costumam latir excessivamente, o que pode incomodar os tutores e pessoas ao redor, se tornando um grande problema.

Segundo a médica-veterinária comportamentalista do grupo AfroVet, Beliza Mouana Santos, o latido é uma ação que faz parte do repertório comportamental dos cães. Contudo, quando acontece em excesso pode alertar para questões comportamentais e até mesmo clínicas. “Alguns cães latem por defesa do território, sensibilidade à sons externos, ansiedade e até mesmo por dor”.
Mesmo esse sendo um hábito comum de todos os cachorros, existem raças que possuem maior tendência para latir. Essa tendência, de acordo com a profissional, vem da seleção artificial das raças, que define características a depender da função, como trabalho, caça e companhia. “Raças como Spitz e Jack Russel são algumas que expressam esse comportamento com maior intensidade”, explica.
Mas, como entender a causa dos latidos em excesso? Santos aconselha que uma das formas é observando a rotina do animal e em quais momentos os latidos são mais frequentes.
“Por serem animais sociais, os cães acompanham, na maioria das vezes, os horários dos tutores, sejam de comer e até dormir. Se o cão começa a latir próximo da hora em que o responsável sai para o trabalho, talvez seja importante avaliar o quanto esse animal está sabendo lidar com a ausência”, esclarece.
Quais as melhores formas de minimizar o latido excessivo?
Beliza afirma que a principal maneira de minimizar os latidos excessivos é fazendo com que o animal deixe de usar o latido para chamar atenção. “Muitos animais latem para nos induzir a ir até um local, pegar algo ou sair para passear. Porém, nem sempre o latido é tolerado por todos. Com isso, reforçar positivamente os momentos em que ele não late para se comunicar é o primeiro passo”.
As técnicas de medicina integrativa, como medicações homeopáticas e florais, também podem ajudar. Conforme afirma a médica-veterinária, alguns animais respondem bem a essas alternativas. No entanto, dependendo da gravidade do quadro é preciso utilizar outras estratégias terapêuticas, como manejo comportamental e uso de psicofármacos.
Por outro lado, as coleiras de controle de latido não são indicadas e em alguns países da Europa, como Alemanha, França e Suíça, são até proibidas, pois foi observado que causam impactos na garantia do bem-estar canino. “Basicamente, nessas coleiras o processo de aprendizado envolve o equipamento causando um estímulo mecânico no animal após o latido. Por mais sutil que seja, se o cão já está latindo em excesso o seu estado mental pode estar comprometido. Isso, à longo prazo, tem seus efeitos adversos, como aumento da ansiedade, reatividade e estresse crônico”, relata.

Além disso, vale lembrar que nem sempre a causa dos latidos é apenas comportamental. “Alguns cães latem por desconfortos, como dor, mesmo sem ter outros sintomas visíveis. Portanto, na dúvida deve-se conversar com o médico-veterinário responsável pelo animal e buscar ajuda de um profissional de comportamento”, recomenda.
Treinando o cão para não latir muito
O treinamento para o animal não latir excessivamente pode começar desde filhote. Santos explica que cães filhotes estão constantemente entendendo quais são as regras e limites daquela família. Por isso, é importante entrar em um consenso entre todos os integrantes que não se deve reforçar o latido como forma de comunicação.
“Ao introduzirmos comandos básicos, como o senta, dá a pata e deita, o pet entende que há outras formas de se comportar para conseguir atenção e o reforço pode ser feito com brinquedos, petiscos e até mesmo carinho”, exemplifica.
Já com relação aos latidos excessivos durante os passeios, a profissional comenta que à primeira vista eles podem até parecer inofensivos, mas indicam que há uma necessidade de maior atenção.
De acordo com ela, alguns cães não foram habituados com os passeios e até sentem medo quando saem de casa por mais que estejam parecendo empolgados. Com isso, é preciso averiguar se os latidos excessivos nesse momento são por reatividade ou comunicação. Ao entender a causa pode-se tentar reverter o comportamento.

Outro momento comum em que os pets podem latir demais é quando os tutores saem de casa. A doutora afirma que a independência do animal precisa ser ensinada, assim como qualquer outro comportamento que se busca para a vida adulta do cão.
“Ensine o animal desde filhote que ficar sozinho faz parte da rotina e é algo positivo. Para isso pode-se utilizar ferramentas de enriquecimento ambiental. Também é preciso entender se o animal está ficando ocioso e, por isso, tenta chamar atenção ou se já existem indícios de um problema relacionado à separação”, finaliza a médica-veterinária.
FAQ
O que fazer com latidos excessivos de cachorro?
Uma das formas de diminuir os latidos excessivos é descobrindo a sua causa e a solucionando. Também pode-se treinar o animal para não latir como forma de comunicação e o recompensar sempre que tiver o comportamento adequado.
Os latidos excessivos podem causar algum problema de saúde nos pets?
Sim, alguns cães latem tanto que não conseguem focar em comer, beber água e até descansar. Além disso, o estresse é um problema e pode causar prejuízos para a saúde do animal, levando a problemas gastrointestinais e de pele.
O que fazer quando o cão não para de latir?
Quando um cachorro não para de latir é preciso entender qual foi o gatilho e tirá-lo da situação estressante. Se o animal está latindo muito após os tutores saírem de casa pode significar ansiedade de separação, por exemplo. Outro cuidado durante a crise é tentar acalmar o pet e mantê-lo em um local tranquilo.
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