Claudia Guimarães (SP) | claudia@dc7comunica.com.br
Felipe Machado (Redação) | felipe@dc7comunica.com.br
Organizada pelos graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), a XXXIV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária (Sacavet) ocorre até o dia 17 de abril e tem o objetivo de ensinar, revisar e atualizar veterinários e estudantes. A equipe da Cães e Gatos está acompanhando as algumas palestras deste 14 de abril e traz por aqui e em nossas redes sociais os principais destaques.
A médica-veterinária Mary Marcondes abordou como individualizar o protocolo vacinal para cada paciente. Durante a apresentação, ela explicou que os veterinários atendem muitos animais que tomaram todas as vacinas recomendadas, mas pegam uma babesiose, por exemplo, e acaba vindo a óbito. “O tutor acredita que porque o animal está imunizado, ele está 100% protegido contra a doença, mas os cuidados de prevenção vai além disso”, comentou.
A profissional ainda explicou os diferentes tipos de vacinas mais utilizadas em pequenos animais, que são: as vivas, as mortas e as recombinantes.
Vivas: Vacina com microorganismo vivo, mas que foi atenuado, então não causa doença. “Quando injeto a vacina, o microorganismo infecta uma célula e se replica como se fosse uma infecção natural, mas não causa doença e provocam imunidade com uma única dose”, disse.
Mortas: Vacina com microorganismo morto que vai promover uma resposta imune, mas não infecta a célula. “Coloco dentro da vacina uma substância chamada adjuvante, projetado para causar uma resposta inflamatória no local da aplicação da vacina, o que ativa o sistema imunológico de forma mais eficaz
Recombinantes: Vacina com um vírus modificado que, por si só, não causa doença. Nele, é inserido um gene que codifica um antígeno específico, responsável por estimular a resposta imune contra determinada enfermidade. Ao ser administrado no organismo, esse vírus carreador invade as células e induz a produção do antígeno, simulando uma infecção natural. Dessa forma, o sistema imunológico é ativado e gera imunidade, sem que o animal desenvolva a doença.

Mary Marcondes ainda indicou as vacinas mais indicadas aos pets, as consideradas essenciais:
Para os cães: Contra CPV (Parvovirose Canina), CDV (Cinomose Canina) e CAV (Adenovírus Canino).
Para os gatos: Contra FPV (Panleucopenia Felina), FHV (Herpesvírus Felino) e FCV (Calicivírus Felino).
Ela destacou que, no caso das vacinas contra FCV e FHV, a imunidade conferida é parcial, sendo mais eficaz nos três primeiros meses após a aplicação, o que contribui para sintomas mais brandos e diminuição da eliminação viral. “Em relação ao protocolo vacinal, cães com mais de 26 semanas precisam de apenas uma dose, enquanto gatos com mais de 26 semanas necessitam de duas doses”, adicionou.
A profissional também apontou os desafios quando o assunto é vacinação, dando destaque à cinomose e à parvovirose no Brasil e conta que o mundo todo vacina cães e gatos para essas doenças a cada três anos, mas, por aqui, a imunização é anual. “As mesmas vacinas vendidas aqui são comercializadas lá fora com imunidade de três anos. E quando digo que veterinário vende vacina e não conhecimento, as pessoas ficam bravas, mas é a pura verdade”, desabafou.
Mary ainda comentou sobre a responsabilidade dos veterinários ao indicar ou não determinadas vacinas. “Alguns colegas têm medo de não indicar tal vacina ao pet e o cliente ir procurar na clínica ao lado, mas isso não vai acontecer se o veterinário criar uma relação de confiança com o tutor, que vai acatar às suas recomendações”.
A Cães e Gatos segue acompanhando a cobertura da SACAVET 2025 em (SP), trazendo as análises e os destaques da XXXIV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária.
FAQ – XXXIV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária (Sacavet)
1. Qual foi o foco principal da palestra da médica-veterinária Mary Marcondes durante a Sacavet?
Mary Marcondes destacou a importância de individualizar o protocolo vacinal de acordo com cada paciente, explicando que a imunização não garante proteção total contra doenças. Ela reforçou que os cuidados preventivos vão além da aplicação das vacinas e dependem também da realidade e exposição de cada animal.
2. Quais são os principais tipos de vacinas aplicadas em cães e gatos e como elas funcionam?
São três os principais tipos:
- Vivas atenuadas: contêm microorganismos vivos enfraquecidos, que não causam a doença, mas provocam uma resposta imune forte com apenas uma dose.
- Mortas: contêm microorganismos inativos e precisam de adjuvantes para estimular o sistema imunológico.
- Recombinantes: utilizam vírus modificados com genes específicos que ativam o sistema imune sem causar doença.
3. Quais vacinas são consideradas essenciais para cães e gatos, segundo a palestrante?
- Para cães: CPV (Parvovirose), CDV (Cinomose) e CAV (Adenovírus).
- Para gatos: FPV (Panleucopenia), FHV (Herpesvírus) e FCV (Calicivírus).
Ela destacou que, no caso dos gatos, a imunidade contra FCV e FHV é parcial e dura cerca de três meses, sendo importante adaptar o protocolo conforme a idade e exposição do animal.
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