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Projeto de educação ambiental para o Cempas foi desenvolvido em tese de pós-graduação

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Uma tese de doutorado defendida recentemente junto ao Programa de Pós-Graduação em Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, campus de Botucatu, desenvolveu um projeto de Educação Ambiental para o Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (Cempas), padronizando as atividades de educação ambiental com roteiros estruturados de forma interativa e lúdica. 

A autora do trabalho é a pedagoga Kátia Regina Pereira Ribeiro Puglia. Ela tornou-se mestre em Educação pela Universidade de Sorocaba (Uniso) com uma dissertação sobre a importância da educação ambiental infantil, mais especificamente em creches públicas, com atividades lúdicas e interativas com as crianças, seus familiares e com a comunidade do entorno. O trabalho, orientado pelo professor Marcos Reigota, está na origem da aproximação de Katia com o Cempas e a FMVZ-Unesp. “Durante minha formação como pedagoga fiz vários cursos no Zoológico de Sorocaba, que na época fazia parte da Secretaria de Educação do município. O trabalho que os médicos-veterinários Lázaro Ronaldo Ribeiro Puglia e Cornélia Mergulhão realizaram lá foi pioneiro no Brasil em se tratando de uma educação ambiental voltada para questões ligadas à fauna nativa. Esse trabalho me inspirou o desafio de fazer um trabalho junto ao Cempas e FMVZ-Unesp, com a orientação do professor Carlos Teixeira”. 

Intitulada “Educação ambiental transformadora para a conservação da avifauna recebida pelo Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (Cempas) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp”, a tese buscou construir um projeto de educação ambiental capaz de dialogar com a realidade local, dando assim mais força às narrativas das atividades e propostas realizadas no Cempas. Visitado com frequência pelas escolas de Botucatu, o Cempas recebe animais silvestres oriundos de apreensão do tráfico, comércio ou posse ilegal, de atropelamentos, resgates, ou entregues voluntariamente. “O Cempas possui um grande potencial como território para as práticas de educação ambiental”, afirma Katia. 

Até então, o Cempas não tinha um projeto estruturado de educação ambiental com uma abordagem educativa, unindo o conhecimento biológico e técnico com o pedagógico, nem um roteiro de atividades e materiais específicos para o público do ensino fundamental (Foto: Divulgação)

A pedagoga buscou entender a casuística da entrada dos animais. Ela também coletou informações com profissionais que estão ou passaram pelo Cempas, que concordaram com a necessidade do estabelecimento do projeto e sugeriram aspectos importantes que serviram de base para a fase da criação, ajustes e aplicação de roteiros criados para levar informações sobre a necessidade de conservação da fauna aos jovens visitantes do Centro. Com base nos dados obtidos e nas respostas a um questionário, dadas por residentes, pós-graduandos e estagiários, que atuaram no Cempas, Katia desenvolveu a proposta de um projeto de educação ambiental, participativo e dialógico, contendo atividades educativas, interativas e lúdicas, com a criação de material lúdico e biológico. Nessa proposta, os principais protagonistas são os animais silvestres, o cotidiano do hospital e do profissional veterinário, incluindo informações sobre a problemática socioambiental, a biodiversidade, a conservação das aves e o tráfico dos animais silvestres. “O tráfico de animais silvestres, principalmente de aves, é o principal fator de entrada dos animais no local, tornando esta temática o foco das atividades de educação ambiental para serem desenvolvidas”. 

Em sua tese, Katia também relatou a vivência piloto da aplicação do projeto aos estudantes de uma escola municipal de ensino básico de Botucatu. Como produtos deste trabalho foram gerados um conjunto de ações articuladas, tais como um roteiro de visita monitorada ao Cempas, visita da equipe do Cempas à escola, narrativas sobre vítimas do comércio ilegal e atropelamento, um guia para desenhar aves e, por fim, uma proposta de disciplina anual e optativa de Educação Ambiental. “Os resultados e produtos gerados podem servir como estratégias de práticas educativas em educação ambiental para mitigar a problemática relacionada ao tráfico e à posse ilegal, bem como contribuir numa postura cidadã para com a natureza e sua conservação”. 

Segundo Katia, as temáticas decorrentes da problemática ambiental precisam estar mais presentes nas escolas, onde crianças e adultos, possam conhecer, além dos aspectos biológicos e das pesquisas cientificas, as causas que levam os animais silvestres à internação hospitalar. “Por isso um projeto de educação ambiental, com foco na conservação da avifauna, com as diferentes atividades lúdicas e interativas articuladas, mostra-se uma forma enriquecedora e eficiente para que crianças e adultos, conheçam e interajam com esta problemática, pensando, discutindo, investigando, agindo, para que os sonhos de transformação estejam presentes e expressos em diferentes linguagens no cotidiano das escolas”. 

Até então, o Cempas não tinha um projeto estruturado de educação ambiental com uma abordagem educativa, unindo o conhecimento biológico e técnico com o pedagógico, nem um roteiro de atividades e materiais específicos para o público do ensino fundamental. “O atendimento às crianças na escola e no Cempas, com um roteiro estruturado de forma interativa, lúdica e questionadora, com atividades ligadas ao cotidiano do hospital, que recebe animais oriundos de apreensões, atropelamentos, tráfico e entregas, reflete a problemática ambiental vivida por estes animais. Eles ganham visibilidade, não como animais de estimação e sim como animais silvestres roubados da natureza e constituintes de uma cadeia complexa e interdependente, como uma peça de um imenso quebra-cabeça que não podemos roubar, matar ou perder”. 

A meta agora é viabilizar o projeto como uma prática cotidiana do Cempas para o atendimento do público escolar e realizar como projeto de extensão nas escolas de Botucatu. Para Katia, o projeto de educação ambiental do Cempas se constituiu num processo educativo critico de leitura de mundo das relações socioambientais, com uma escuta ativa e uma participação dialógica. “A conexão dos conceitos científicos, das diferentes áreas de conhecimentos, as dimensões do contexto local e global, o cotidiano vivido pelas escolas e pelo Cempas, se revelaram propulsores de um aprendizado significativo através da construção do conhecimento das crianças, por meio de experiências mais interessantes, potentes e significativas”. 

Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.

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