A pele é o maior órgão dos mamíferos e é a primeira barreira protetora do organismo. Muitas pessoas nem imaginam a ligação direta que existe entre a saúde intestinal e problemas de pele, mas um estudo de 2022 sugere que a baixa diversidade bacteriana na microbiota intestinal pode estar intimamente relacionada com dermatite atópica em cães.
“No sistema gastrointestinal, assim como em toda a pele, existe uma gama de microrganismos que variam entre fungos, vírus, protozoários e bactérias, vivendo de forma harmônica e com papéis importantíssimos na proteção e, no caso do intestino, fermentação das partículas de alimentos. Este ecossistema invisível a olho nu é chamado de microbioma e é fundamental para a saúde como um todo”, explica Mariana Raposo, médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal.
A semelhança entre os dois órgãos não para por aí. Tanto a pele quanto o intestino são altamente vascularizados e são responsáveis por separar e proteger o corpo (organismo) de possíveis agentes agressores provenientes do ambiente, seja por meio da barreira física (celular) ou biológica (microbioma).
Há muito tempo o desequilíbrio no microbioma (disbiose) intestinal já é correlacionado com quadros dermatológicos, principalmente porque a disbiose intestinal aumenta a permeabilidade celular e, como consequência, promove um aumento da absorção de toxinas e ativação de substâncias pró-inflamatórias. Algumas situações como o estresse, consumo de medicamentos (especialmente antibióticos), uma má nutrição, alterações na dieta, presença de parasitas intestinais ou até mesmo reações vacinais podem desencadear problemas muito além de desarranjos intestinais.
“Qualquer situação que possa promover desequilíbrio do microbioma, que é quando a população de microrganismos patogênicos fica maior do que a de microrganismos benéficos, tem capacidade de interferir no organismo como um todo. Isso quer dizer que um intestino não saudável pode promover reações de inflamação na pele, por exemplo, ocasionando problemas dermatológicos como dermatite atópica, dermatite seborreica, pústulas ou mesmo interferir negativamente na cicatrização de feridas”, a médica-veterinária elucida.
Essa relação íntima da pele com o intestino é reconhecida na medicina como Eixo Intestino-Pele, da mesma forma que existe o Eixo Cérebro-Intestino-Microbiota, e tem sido alvo de diversos estudos nos últimos anos. A ciência já demonstra que uma má saúde intestinal, com uma microbiota desequilibrada, além de estimular a produção de substâncias pró-inflamatórias pode atuar suprimindo o sistema imunológico, deixando o organismo mais suscetível a infecções.
“O organismo é inteiro interligado, todo conectado, e isso está cada vez mais evidente. Cada indivíduo possui um microbioma intestinal único e altamente dinâmico, mas a composição básica dos microrganismos presentes neste microbioma tende a ser semelhante em animais saudáveis, o que sugere a existência de um balanço harmônico entre todos os vírus, bactérias, fungos e protozoários para a saúde como um todo”, Mariana reforça.
Problemas dermatológicos nos pets
Não existem segredos que uma nutrição adequada é benéfica para os pets de todas as idades, mas o foco não deve ser apenas em evitar ganho exagerado de peso ou diminuir as chances de problemas metabólicos como diabetes, colesterol e triglicérides elevados, gastrites e úlceras.
“Bem nutrir e estimular as atividades das bactérias boas que fazem parte do sistema digestivo é de extrema importância, em todas as idades dos pets, mas traz melhores resultados quando iniciada ainda na fase de filhote, fortalecendo a imunidade do animal e proporcionando um desenvolvimento mais saudável. Este cuidado com a saúde intestinal pode ser feito com uma dieta balanceada e a utilização de simbióticos capazes de potencializar o equilíbrio e bom funcionamento do microbioma intestinal”, Mariana conta.
Simbióticos são suplementos que combinam prebióticos, compostos responsáveis por nutrir e estimular de maneira saudável os microrganismos benéficos presentes no sistema digestivo, e probióticos, que são compostos por pequenos grupos de fungos e bactérias do bem capazes de melhorar o balanço do microbioma intestinal dos pets. Um simbiótico bem equilibrado, por exemplo, vai apresentar agentes biológicos como Saccharomyces cerevisiae, Bifidobacterium bifidum, Enterococcus faecium e Lactobacillus acidophilus, que fazem parte de um microbioma saudável e funcional, além de vitaminas e minerais.
“O olhar para a saúde do pet precisa ser 360°, considerando o organismo como um todo, onde todos os detalhes importam. Se o pet apresenta um problema de pele, esse olhar precisa ser ainda mais criterioso, especialmente para a saúde gastrointestinal. É muito mais benéfico para o pet prevenir um desequilíbrio do microbioma intestinal do que tratar das suas consequências, por isso a adoção de simbióticos na rotina alimentar desde filhote deve passar a ser considerado tanto pelo tutor quanto pelo médico-veterinário. Cuidar da saúde gastrointestinal do peludo traz benefícios além dos óbvios, para toda a vida!”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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