Que tutor de animal de estimação não aspira a ver seu companheiro de quatro patas desfrutando de uma vida mais longa e saudável? Um aspecto frequentemente subestimado, porém crucial, é a saúde bucal dos animais de estimação. A especialista em odontologia veterinária do Hospital Veterinário Taquaral de Campinas, Clarisse Teixeira, salienta: “A prevenção de problemas dentários não apenas resulta em um hálito mais fresco, mas também previne complicações sérias”.
A escovação regular é essencial e hoje há uma variedade de escovas e pastas dentárias específicas para pets. “Não requer enxágue e são seguras mesmo se ingeridas, o que é ideal para animais com hipersensibilidade alimentar”, explica. O hábito da escovação permite que os tutores façam inspeções regulares, identificando precocemente qualquer sensibilidade ou irregularidade na boca do animal.
Ameaça silenciosa
Cerca de 85% dos cães desenvolvem periodontite por volta dos dois a três anos de idade. Esta doença resulta da deterioração do epitélio protetor do dente, declínio ósseo, e pode resultar na perda dos dentes. “A periodontite começa com placa bacteriana e pode evoluir para condições mais sérias se não tratada,” alerta a veterinária. O mau hálito, um dos primeiros sinais, surge devido a gases sulfurosos produzidos por bactérias.
De acordo com Clarisse, infecções orais podem causar dor significativa no ato da mastigação, dificultando a alimentação, causando sangramento gengival, retração da gengiva, exposição de raízes dentárias e inflamação da mucosa. Esses problemas levam o animal à perda de peso e da qualidade de vida. Mais alarmante é a possibilidade de bactérias orais se espalharem para outros órgãos, causando doenças sistêmicas, como endocardite bacteriana e problemas renais e hepáticos.
“Sendo assim, o mau hálito e a dificuldade de se alimentar são alertas extremamente importantes, indicando ao responsável do pet a necessidade de levá-lo ao atendimento médico”, destaca a doutora.
Dieta e prevenção
A veterinária alerta que uma alimentação com baixo índice de carboidratos e bem balanceada é fundamental. Tais dietas são orientadas por nutrólogos ou nutricionistas veterinários. Rações peletizadas (em grânulos) contribuem para a remoção mecânica do cálculo dentário. A doutora adverte: “Evite dar ossos e objetos rígidos aos pets, pois eles podem causar fraturas dentárias”.
Clarisse salienta que raças braquicefálicas e de pequeno porte requerem atenção extra devido à sua propensão à periodontite. Ela enfatiza a importância de consultas regulares ao veterinário para exames orais detalhados. “Os animais mais velhos, com comorbidades e deficiências imunológicas, são particularmente vulneráveis às infecções orais e suas complicações sistêmicas”, acrescenta.
Mitos
Segundo a veterinária, existem dois mitos comuns que precisam ser esclarecidos: a irrelevância da rotina de escovação e o uso de pasta de dente humana, que é tóxica para os animais. Ela também ressalta a importância da profilaxia bucal e tartarectomia sob anestesia geral, complementadas por exames de raio-x odontológico para avaliar a saúde dos dentes e da cavidade oral.
Fonte: Hospital Taquaral, adaptado pela equipe Cães e Gatos.
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