Após receber um comunicado da Vigilância Ambiental de Sapucaia do Sul sobre uma epidemia de Esporotricose no município, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) criou uma campanha institucional para conscientização da população sobre a enfermidade. Trata-se de uma doença fúngica, causada pelo Sporothrix spp. que acomete cães, gatos e outras espécies, incluindo os humanos.
Mais comum entre os felinos que têm acesso à rua, a infecção se dá pelo contato deles com o solo ao enterrar as fezes, com vegetais secos ao afiar as unhas e por arranhões e mordidas provocados por brigas. “Muitas doenças dos animais, inclusive as de pele, podem ser transmitidas ao homem. Sempre que encontrar uma lesão no animal de estimação, o tutor deve procurar um médico-veterinário. Ao cuidar da saúde do pet, ele está cuidando da sua própria saúde. O médico-veterinário não cuida só dos animais, ele é um agente de saúde pública”, afirma a presidente do CRMV-RS, Lisandra Dornelles.
Conforme dados da Vigilância Ambiental de Sapucaia do Sul, de agosto de 2020 até junho de 2021, foram registrados 44 casos em felinos e 11 em pessoas. Segundo a médica-veterinária residente em vigilância em saúde, Carolina Schell, como a doença não é de notificação obrigatória, o número de casos tende a ser muito maior e a epidemia estar presente em outros municípios próximos a Sapucaia.
A Esporotricose é transmitida principalmente dos gatos doentes para os humanos, por meio de arranhões e mordidas. Mas, ao contrário do que parece, A CULPA NÃO É DO GATO, mas, sim, de quem deixa que ele passeie solto pelas ruas. Uma simples “voltinha” pode trazer vários prejuízos ao animal, entre eles, contrair Esporotricose, pois fica exposto a brigas com outros gatos e a outras fontes de infecção, como solo e vegetação que contenham o fungo em sua superfície. Portanto, manter o gato domiciliado é crucial para que a doença não se alastre.
As lesões de pele causadas pelo Sporothrix spp não passam despercebidas: têm aspecto de nódulo avermelhado e ulcerado especialmente em região de face e patas dianteiras, que não cura, não dói e não coça. Em alguns animais, ocorre uma lesão semelhante a um “nariz de palhaço” na região do focinho. Caso identifique alguma lesão semelhante no seu cão ou gato procure orientação de um médico veterinário. Lembrando que, além da pele, a doença pode acometer os pulmões.
Em humanos, as lesões têm quatro apresentações: cutânea com lesões em mãos e braços, linfocutânea com pequenos nódulos, seguindo o trajeto do sistema linfático (lesão em “rosário”) que é a mais comum, extracutânea em ossos, mucosas, sem comprometimento da pele e disseminada em vários órgãos como pulmão, ossos e fígado.
A prevenção começa pela atitude dos tutores ao não deixarem seus gatos “passearem” pelas ruas. Caso o animal adoeça, deve ser mantido isolamento e em tratamento até dois meses após a total cura clínica. Não é indicada a internação de gatos positivos. Veterinários e tutores que manuseiam gatos infectados podem contrair a infecção, portanto, recomenda-se o uso de luvas descartáveis ao manusear gatos com qualquer tipo de nódulo ou úlcera na pele.
Fonte: CRMV-RS, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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