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VETERINÁRIOS, AGORA, TÊM ACESSO AO GUIA DE BOLSO DA LEISHMANIOSE VISCERAL

Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

A leishmaniose visceral (LV) é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das doenças mais negligenciadas do mundo e, agora, ganha uma nova ferramenta de conhecimento técnico, científico e jurídico: o Guia de Bolso da Leishmaniose Visceral. A publicação é resultado de um intenso trabalho da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV) e foi lançado dia 02 de novembro, durante a abertura do II Simpósio Internacional de Saúde Única e o IV Simpósio Paranaense de Saúde Única.

De acordo com o presidente do CFMV, Francisco Cavalcanti, foi dedicado muito trabalho dos membros da comissão. “Tiveram a colaboração de diversas entidades, como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Ministério da Saúde e universidades, os médicos-veterinários que atuam nos segmentos públicos e privados terão ao seu dispor um grande apoio para realizar consultas, dirimir dúvidas e realizar, com mais segurança, o protocolo de tratamento da leishmaniose em cães”, afirma.

A doença, também conhecida como calazar, é uma zoonose sistêmica causada por um protozoário do gênero Leishmania, transmitido aos humanos e outros animais por meio da picada de mosquitos flebotomíneos, do gênero Lutzomyia, que se infecta ao se alimentar do sangue de animais infectados, principalmente cães. “A complexidade da LV sempre gerou muitos questionamentos. O Brasil detém uma das maiores experiências científicas e práticas de atuação de medidas de controle da doença. Somos referência no mundo, pelas pesquisas, formação profissional e gestão dos programas. O guia consolida tudo isso”, afirma o presidente da CNSPV e coordenador de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (CE), Nélio Batista de Morais.

Para o médico-veterinário membro da comissão e servidor do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Júnior, o intuito do guia é harmonizar, de forma materializada, as informações técnicas, legais e éticas sobre a vigilância, o manejo e o controle da leishmaniose visceral, com foco nos médicos-veterinários. “Esperamos, também, reduzir uma assimetria de informações que existe entre profissionais de diversas áreas e de diferentes regiões do país para, a partir disso, dar um passo importante para integrá-los em prol de um trabalho conjunto para o controle dessa grave zoonose. Essa integração segue a abordagem da saúde única, que é o melhor caminho para controlar zoonoses como a leishmaniose visceral”, explica.

Leishmaniose no Brasil. De acordo com dados da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, o Brasil responde por 90% dos casos humanos de leishmaniose visceral registrados na América Latina. De 2010 a 2019, o País apresentou de 3 mil a 3,5 mil casos por ano (quadro abaixo), com letalidade (mortalidade) em torno de 7%.

As áreas de maior incidência da LV no País estão concentradas na Região Nordeste, em razão de fatores ecológicos e sociais. Porém, com o avanço da doença, regiões que anteriormente não apresentavam casos, como o Sudeste e algumas áreas do Norte, já os contabilizam. Atualmente, a enfermidade está presente em todos os biomas brasileiros.

A ausência de uma educação em saúde para a população em geral potencializa o processo cada vez mais forte de incidência da doença no Brasil, assim como a transmissão para os cães e, consequentemente, a vulnerabilidade para a ocorrência de casos em humanos.

O médico-veterinário tem um papel fundamental como profissional de saúde única nesse cenário, pois é dele, também, a função de educar os tutores dos animais. “Os profissionais do segmento privado têm uma função muito relevante em intervenções que podem propiciar reduções dos danos sociais causados pela leishmaniose visceral”, aponta o presidente da CNSPV.

Morais sugere, ainda, que os profissionais busquem sempre o conhecimento da legislação e se atentem aos fundamentos do que está vigente no País. O Guia de Bolso da Leishmaniose Visceral apresenta um capítulo inteiro dedicado à legislação pertinente às questões que envolvem atuação e pareceres sobre a zoonose. “Busquem, também, constantemente, atualizações técnico-científicas, pois a ciência é a grande norteadora desse processo”, orienta.

De acordo com o médico-veterinário, a prática clínica e suas intervenções são valiosas e os profissionais devem aproveitar a oportunidade para produzir informes e material científico, os quais poderão servir de subsídio e até mesmo de apresentação de experiências exitosas, disponíveis ao conhecimento de todos. “Procure sempre a integração do serviço público com o serviço privado. É indispensável que o profissional tenha conhecimento das normativas que amparam as ações de vigilância e controle da leishmaniose visceral”, finaliza.

Ao longo de mais de cem páginas, os leitores podem conferir no Guia de Bolso da Leishmaniose Visceral desde aspectos epidemiológicos atuais no Brasil e no mundo, passando pela legislação brasileira e os aspectos legais voltados à atuação do médico-veterinário, até diagnóstico, tratamento, controle e prevenção, tanto em animais quanto em humanos.

Fonte: CFMV, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.