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Inovação e Mercado

Iniciativas promovem inclusão e equidade racial na Medicina Veterinária

Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão, do Afrovet, aponta o que é essencial na luta antirracista dentro da profissão
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

A luta contra o racismo estrutural ainda é gigante no Brasil e o campo da Medicina Veterinária não está imune a esses desafios enfrentados diariamente. Neste Dia da Consciência Negra, conversamos com o Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) do Afrovet, composto por cinco integrantes, sobre a importância de ampliar espaços e oportunidades para profissionais negros dentro do setor, desde as universidades até os postos de liderança em clínicas, hospitais veterinários e indústrias.

De acordo com os profissionais do comitê, Marielen Albuquerque, Débora Paulino, Eliana Conceição, Adriana Ribeiro e Lucas Almeida, os desafios atuais ainda carregam muito dos precedentes históricos resultados da estruturação social do nosso País. “Um dos desafios relevantes a se pontuar é a urgência de ambientes acolhedores dentro dos espaços de trabalhos, colegas conscientes e ativos em prol da luta antirracista. E o Afrovet surgiu exatamente para simploficar essas relações, sendo o elo entre as empresas e os profissionais negros dentro do mercado de trabalho, seja ao medico-veterinário autônomo ou em ambiente corporativo”, salientam.

“A data de 20 de Novembro é um dia de resistência e esperança, de que seguimos lutando como coletivo”, afirmam profissionais (Foto: reprodução)

O próprio espaço de DE&I é um avanço na luta contra o racismo, na visão dos integrantes do grupo, porque ele cria o espaço de diálogo, promovendo o acolhimento, escuta ativa, assim como direciona as necessidades para dentro das empresas.

O Grupo Afrovet menciona que, na cosmovisão africana há a seguinte citação: “A união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome”. “Isso traduz a ideia de que quando um de nós, médicos-veterinários, está em ascensão, naturalmente, é visto, se torna inspiração aos jovens. Então, a falta de representatividade gera a ilusória ideia de que não é possível ter esta profissão”, observa.

Para os integrantes do grupo, o letramento racial é o passo fundamental para desenvolver possibilidades. Eles defendem que “uma sociedade reeducada a respeito de raça, é uma sociedade que tem o poder de mudança. A luta antirracista inicia-se a partir do letramento racial”. Que nada mais é do que o processo de adquirir conhecimento, habilidades e consciência crítica sobre questões raciais, com o objetivo de identificar, compreender e desafiar as dinâmicas do racismo e das desigualdades raciais. 

Medicina Veterinária mais inclusiva

Quando questionados sobre como a população geral pode agir para que a profissão seja livre de preconceitos, eles afirmam que o primeiro passo é reconhecer a estrutura racista a qual todos fomos criados, ensinados e estamos inseridos. “A partir desta lucidez, é possível conscientizar e construir, por meio das nossas ‘mini’ ações cotidianas, novos passos. A reestruturação vem a partir das tomadas de decisão”, pontuam.

Para ajudar neste processo de ocupação do lugar, que é de todos, independente de raça, o Afrovet possui algumas iniciativas, como a Liga Afrocêntrica de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária (Lacav), o projeto pioneiro e de mentoria, chamado Afromentor, e o grande destaque que é o Simpósio Brasileiro Afrocentrado de Medicina Veterinária – SIMBA, que está, este ano, em sua 4ª edição e ocorre no dia 30 de novembro., no Rio de Janeiro (RJ).

Reflexão sobre a diversidade

O Afrovet possui algumas iniciativas, como a Liga Afrocêntrica de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, o Afromentor e o SIMBA (Foto: reprodução)

Falar sobre a inclusão, na visão do grupo, é trazer às claras para a sociedade que, como indivíduos, as pessoas pretas precisam ser vistas. “Nossa sociedade é diversa, mas não se reconhece assim. A inclusão não é apenas criar espaços, mas, sim, trazer a diversidade para dentro, é o pertencer. A Medicina Veterinária segue sendo um recorte profissional dentro de um contexto macro e é neste contexto macro que as mudanças e iniciativas devem ser validadas e propagadas. As ações começam por grupos minoritários, que, em sua união, geram uma movimentação”, analisam.

Para o comitê do Afrovet, O Dia da Consciência Negra o “Dia do Holofote”, uma data em que as iniciativas, vivências e desdobramentos relacionados à experiência de ser veterinário – ou qualquer profissional – negro no Brasil recebem maior atenção e visibilidade. “Parte desta atenção advém de críticas e da falta de interesse e, por consequência, de conhecimento sobre a questão étnico-racial no Brasil a nação miscigenada. Há, ainda uma inquietude de supor, por pensamento equivocado, de que esta data é uma celebração, enquanto, na verdade, o Dia da Consciência Negra é uma data que traz a reflexão, a história de um País que se estabeleceu e cresceu por meio das retiradas: retirada da identidade de pessoas pretas, sequestradas de seus países de origem que, chegando aqui, lhes foi tirado o nome e, ainda, lembra a tentativa do pagamento histórico, por meio do roubo de outras riquezas imateriais, como a cultura, ciências e os saberes. A data de 20 de Novembro é um dia de resistência e esperança, de que seguimos lutando como coletivo”, encerra.

FAQ

Qual é o principal objetivo do Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) do Afrovet?
Promover espaços acolhedores, diálogo, e apoio para ampliar oportunidades e representatividade de profissionais negros na Medicina Veterinária.

O que é letramento racial e por que ele é importante?
Letramento racial é o processo de adquirir conhecimento crítico sobre questões raciais para identificar e desafiar o racismo. É fundamental para construir uma sociedade mais inclusiva e promover a luta antirracista.

Como o Dia da Consciência Negra é visto pelo comitê do Afrovet?
Para o comitê, é uma data de reflexão e resistência, que destaca a história de luta e a importância da representatividade e inclusão racial na Medicina Veterinária e na sociedade como um todo.

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