De maneira a celebrar, pesquisadores de seis instituições brasileiras redescobriram uma espécie de perereca considerada extinta: a Phrynomedusa appendiculata. O animal foi descrito por Adolpho Lutz em 1925, e teria sido vista pela última vez há 52 anos.
Medindo sete centímetros, o animal possui coloração verde vivo, com superfície lateral laranja brilhante, e foi encontrado pelos pesquisadores depois de percorrerem diversas trilhas de difícil acesso na região de Capão Bonito (SP), em 2011, em área de Mata Atlântica.
No total, foram encontrados 16 indivíduos adultos, além de girinos. O registro trouxe dados inéditos e detalhados sobre a espécie, antes incompletos e pouco conhecidos, que envolvem características acústicas (gravação de sons emitidos pelo animal), morfológicas (forma, estrutura, tamanho, cor e tipo) e ecológicas (ambiente no qual o animal foi encontrado).
“Gravamos sua vocalização para conseguir, por meio de inteligência artificial, identificar estes cantos e, assim, buscar a espécie em outros locais”, explica o docente no Centro de Ciências da Natureza (CCN), Alexandre Camargo Martensen.
Os bichos foram encontrados em áreas diferentes de outras espécies. Ou seja, distante dos tradicionais riachos, o que pode justificar as poucas aparições, já que, eles se encontravam em ambientes de planalto.
“Foi neste ambiente que achamos as pererecas. Agora, no âmbito do meu projeto Jovem Pesquisador, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tentaremos encontrá-las em outros lugares que tenham essas mesmas características peculiares”, registra Martensen.
Importância e conservação
Segundo Martensen, a Phrynomedusa appendiculata é importante no controle de populações de insetos e serve de alimento para outras espécies. Além disso, por ser um anfíbio, ajuda no entendimento do equilíbrio ecológico. “Por nascerem e crescerem em água e, depois, irem para a terra, são animais sensíveis a mudanças ambientais ou de qualidade da água, por exemplo”, enumera.
Ainda de acordo com o pesquisar, após a redescoberta, os próximos passos são desenvolver mais estudos para entender de maneira mais clara sobre a biologia e reprodução do bicho.
Além disso, para preservá-la, Martensen alerta que são necessárias ações que envolvem desde o controle de acesso ao local, até pensar em estratégias de manejo para recuperá-la em locais que talvez já tenha habitado e que não existem mais.
A redescoberta também abre espaço para discussões sobre a preservação da Mata Atlântica que, mesmo sendo afetada pelos maus cuidados, ainda preserva diversas biodiversidades, podendo guardar ainda muitas outras espécies esquecidas ou desconhecidas.
Fonte: A.I, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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