Claudia Guimarães (SP) | claudia@dc7comunica.com.br
Felipe Machado (Redação) | felipe@dc7comunica.com.br
Durante a XXXIV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária (Sacavet), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), a médica-veterinária Camila Ferreiro realizou uma palestra sobre a atualização do diagnóstico e tratamento da Peritonite Infecciosa Felina (PIF), que é causada por um coronavírus, um vírus que circula naturalmente na população felina principalmente em locais multicats, como abrigos.
Ela explicou que, quando temos contato com algum vírus, nosso corpo produz anticorpos. Mas ter anticorpos para coronavírus significa apenas que o paciente teve contato com o vírus e não que ele está com a doença, principalmente com PIF. “Isso porque a peritonite está associada à mutação do vírus, quando ele deixa de ser um vírus que tem ação só no intestino e passa a ter ação sistêmica naquele animal”, esclareceu.
Segundo Camila, existem dois tipos de coronavírus felino:
Tipo 1: Carrega uma característica mais relevante que é a geração de infecção persistente em alguns indivíduos. “Ou seja, são gatos que vão eliminar partículas no ambiente, infectando outros gatos, a vida inteira”, disse.
Tipo 2: Derivado do coronavírus canino, também é capaz de sofrer mutação viral e ser mais patogênico, mas tem um tempo menor de eliminação viral.
“Todos os felinos são suscetíveis à infecção? Sim, a ter uma coronavirose, mas eles se recuperam sozinhos, sem precisar de medicação”, mencionou a profissional.

Camila ainda apontou que aproximadamente 60% dos gatos são soropositivos, o que indica que a maioria já teve contato com o coronavírus felino. “Como o vírus não induz uma imunidade duradoura, é comum que os animais se infectem várias vezes ao longo da vida. Em ambientes coletivos, como abrigos, esse índice pode chegar a 90%”, revelou.
E como identificar o quadro nos felinos domésticos? Camila apontou que 70% são assintomáticos a coronaviroses, mas inapetência, diarreia e êmese podem indicar o problema. “Além disso, vale destacar que a infecção persistente ocorre em 13% dos pacientes que estão expostos à fonte contínua de eliminação no ambiente, e de 5 a 10% são resistentes à infecção, ou seja, não há nenhum dano a esses gatos”, relatou.
De acordo com a profissional, quadros de PIF dependem muito mais do organismo do gato do que do próprio vírus, sendo que fatores ambientais também exercem grande influência. “O grande problema da PIF é disseminar o vírus rápido ou devagar e isso depende da imunidade do hospedeiro”, frisou.
A Cães e Gatos segue acompanhando a cobertura da SACAVET 2025 em (SP), trazendo as análises e os destaques da XXXIV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária.
FAQ – Peritonite Infecciosa Felina (PIF)
1. Todo gato com anticorpos contra o coronavírus felino está com PIF?
Não. Ter anticorpos indica apenas que o gato teve contato com o coronavírus, mas não necessariamente que desenvolveu a PIF. A doença ocorre quando há uma mutação do vírus, que deixa de atuar apenas no intestino e passa a ter ação sistêmica no organismo do animal.
2. Existem diferentes tipos de coronavírus felino?
Sim. Existem dois tipos:
- Tipo 1: Gera infecção persistente e faz com que o gato elimine o vírus durante toda a vida, contaminando o ambiente.
- Tipo 2: Derivado do coronavírus canino, é mais patogênico, mas o tempo de eliminação viral é menor.
3. Quais sinais podem indicar PIF em gatos domésticos?
A maioria dos gatos infectados é assintomática (cerca de 70%), mas alguns podem apresentar inapetência, diarreia e êmese (vômitos). A evolução da PIF está mais relacionada à imunidade do animal do que à ação do próprio vírus, sendo fatores ambientais também relevantes para o surgimento da doença.
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