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Clínica e Nutrição

Osteodistrofias em filhotes de cães e gatos podem ser causadas pela nutrição desbalanceada

Por Equipe Cães&Gatos
filhotes
Por Equipe Cães&Gatos

O período de crescimento de filhotes compreende a fase de maior demanda energética dos animais, com exceção apenas da lactação. Durante essa fase, os cães ficam mais suscetíveis a deficiências, excessos e desbalanços nutricionais, uma vez que estão em pleno desenvolvimento osteoarticular. A essas alterações geradas pela nutrição inadequada dá-se o nome de osteodistrofias (ossos- osteo + mal- dis + nutridos – trophé), que podem ser classificadas como osteopenias, nas quais há insuficiente ingestão de energia ou nutrientes ou osteomegalias, em que ocorre o contrário, com excesso de ingestão dos mesmos. 

Cães de raças grandes e gigantes possuem um período de crescimento prolongado comparado a raças pequenas. Um Dogue Alemão, por exemplo, levará até 24 meses para atingir seu peso corporal adulto. Além disso, por volta dos 3 a 6 meses de idade essas raças apresentam um crescimento mais acelerado, sendo mais susceptíveis às deficiências e excessos nutricionais, principalmente de cálcio, fósforo e vitamina D.

Para entender a fisiopatogenia das osteodistrofias é necessário compreender a regulação dos níveis de cálcio e fósforo no organismo por meio do paratormônio (PTH), 1,25 dihidroxicolecalciferol (calcitriol) e calcitonina. Em casos de ingestão insuficiente de cálcio por um período prolongado, o PTH atuará mobilizando cálcio dos ossos para o fluido extracelular, aumentando a reabsorção renal de cálcio e aumentando a excreção renal de fósforo. Calcitriol, forma ativa da vitamina D, é sintetizado quando ocorre hipocalcemia e estimula a reabsorção óssea, absorção intestinal de cálcio e fósforo e reabsorção renal de cálcio e fósforo. O calcitriol é formado a partir da hidroxilação de vitamina D3, que deve ser obtida por meio da alimentação, visto que cães e gatos não sintetizam vitamina D suficiente a partir da exposição à luz solar. Por fim, a calcitonina atua em casos de hipercalcemia prolongada, diminuindo a ação dos osteoclastos e, consequentemente, a reabsorção óssea e diminuindo a reabsorção renal de fósforo.

De acordo com FEDIAF (2021) a relação entre cálcio e fósforo ideal para cães deve variar entre 1:1 a 1,6:1 durante a fase inicial de crescimento (até 14 semanas de idade). Após essa fase a relação ideal varia de acordo com o peso estimado quando adulto, sendo que para cães cujo peso estimado é de até 15kg o ideal é que se mantenha entre 1:1 a 1,8:1. Já cães com peso adulto estimado de mais de 15kg possuem a relação ideal de 1:1 a 1,6:1 entre 14 semanas e 6 meses de idade e 1:1 a 1,8:1 após esse período. Para gatos a relação recomendada varia entre 1:1 a 1,5:1 durante toda a fase de crescimento. A regulação dos níveis de cálcio e fósforo, quando a relação entre eles é menor ou maior que o ideal, é realizada de forma meticulosa pelo organismo, em vista disso, em muitos casos de osteodistrofias os níveis séricos desses minerais se encontrarão dentro da normalidade. Dessa forma, o diagnóstico se faz necessário a partir da anamnese, avaliação nutricional, radiografia (padrão ouro de diagnóstico) e, em alguns casos, mensuração de PTH, calcitonina ou Vitamina D. 

Leia o artigo completo na edição de maio da C&G VF. O acesso é gratuito, clique aqui.

No fim dessa página, estão as referências utilizadas pelas autoras no artigo.

(Foto C&G VF)

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