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    Disbiose intestinal em pacientes oncológicos: o elo entre microbiota, nutrição e prognóstico na Medicina Veterinária

    Estudos apontam que o desequilíbrio da microbiota pode aumentar o risco de neoplasias e reduzir a sobrevida de cães e gatos com câncer. Embora os avanços ainda sejam tímidos na veterinária, a nutrição desponta como aliada no suporte oncológico

    Disbiose intestinal em pacientes oncológicos: o elo entre microbiota, nutrição e prognóstico na Medicina Veterinária
    Equipe Cães&Gatos
    Equipe Cães&Gatos
    1 de agosto de 2025

    Atenção crescente ao papel da microbiota intestinal em pacientes com câncer tem impulsionado pesquisas na Medicina Veterinária, ainda que grande parte das evidências venha da Medicina Humana.

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    Em entrevista concedida durante o Ganepão Pet 2025, evento realizado no dia 13 de junho, em São Paulo, a médica-veterinária Juliana Cirillo destacou como o desequilíbrio intestinal — ou disbiose — pode impactar diretamente o desenvolvimento e a progressão de diferentes tipos de neoplasias em cães e gatos.

    “Pacientes com disbiose apresentam maior risco de desenvolver câncer e, quando diagnosticados, têm piores desfechos clínicos, com redução da sobrevida”, alertou Cirillo.

    Segundo a especialista, já existem estudos em animais de companhia associando disbiose a neoplasias específicas, como linfoma multicêntrico, linfoma intestinal, tumores de cavidade nasal, astrocitomas e câncer de mama em cadelas. Apesar disso, ainda são escassas as pesquisas que relacionam a modulação da microbiota com a resposta aos tratamentos oncológicos em pets — lacuna já preenchida na medicina humana.

    “Em humanos, intervenções como probióticos, prebióticos, dietas ricas em fibras e até o transplante de microbiota fecal têm sido usadas como coadjuvantes ao tratamento oncológico, com ganhos na eficácia terapêutica e na redução de efeitos adversos, especialmente gastrointestinais.”

    Essa perspectiva ganha importância na clínica veterinária, sobretudo porque a quimioterapia em pets frequentemente gera sintomas como diarreia e inapetência. Cirillo ressalta que dietas formuladas com foco na saúde intestinal — como as enriquecidas em fibras ou suplementadas com bioterapêuticos — podem ser estratégias relevantes para minimizar esses efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

    Além disso, a especialista reforça que a disbiose intestinal pode agravar quadros como a caquexia do câncer, síndrome paraneoplásica caracterizada por perda de peso e de apetite.

    “Quando há disbiose, todas as características da caquexia ficam mais acentuadas. A inflamação é maior. Do ponto de vista nutricional, já temos estratégias possíveis na veterinária para combater essa disbiose e melhorar o estado nutricional, promovendo ganho de peso, apetite e qualidade de vida”, afirmou.

    Confira o artigo completo “Disbiose intestinal em pacientes oncológicos”, na íntegra e sem custo, acessando a página 42 da edição de julho (nº 311) da Revista Cães e Gatos.

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