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    Pets durante quimioterapia requerem cuidados específicos

    De acordo com a Veterinary Cancer Society, um em cada quatro cães desenvolve câncer; manejo adequado na quimioterapia pode aumentar a sobrevida e garantir bem-estar ao animal

    Pets durante quimioterapia requerem cuidados específicos
    Equipe Cães&Gatos
    Equipe Cães&Gatos
    19 de setembro de 2025

    Receber o diagnóstico de câncer em um animal de estimação é sempre um momento delicado. Segundo a Veterinary Cancer Society (EUA), aproximadamente 25% dos cães desenvolvem algum tipo de neoplasia ao longo da vida, destacando a importância do tratamento adequado. Mas a boa notícia é que, assim como na medicina humana, a oncologia veterinária evoluiu significativamente.

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    “Atualmente, a quimioterapia se tornou uma ferramenta eficaz para oferecer mais tempo e qualidade de vida aos pets. O tratamento usa medicamentos específicos para combater as células cancerígenas, sendo indicada principalmente quando a cirurgia não é possível ou quando o tumor não responde à radioterapia”, explica o Dr. Nazilton de Paula Reis Filho, responsável pelo setor de oncologia do Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar de São Paulo.

    A quimioterapia para pets também pode ser recomendada após operações para evitar que o câncer volte ou se espalhe. Contudo, o protocolo é sempre personalizado, levando em conta o tipo de tumor, o estágio da doença e, claro, o conforto do animal.

    Como lidar com os efeitos colaterais do tratamento?

    Ao contrário do que muitos pensam, cães e gatos geralmente toleram bem a quimioterapia.

    “Embora possam ocorrer efeitos como vômito, diarreia ou apatia, geralmente são leves e transitórios. No entanto, se esses sintomas persistirem por mais de 24 horas ou forem intensos, é crucial procurar imediatamente o veterinário”, aconselha o especialista.

    Para ajudar no manejo desses efeitos, é recomendado oferecer alimentos mais palatáveis, como ração úmida, caldo de carne sem tempero ou até pequenas porções de sorvete de creme sem açúcar – alimentos gelados ajudam a aliviar a náusea.

    Quanto aos vômitos, ele orienta: “Se ocorrerem de uma a três vezes, suspenda alimento e água por 4-6 horas antes de reintroduzi-los gradualmente. Mais de três episódios exigem avaliação profissional”.

    Já em relação à diarreia, o veterinário indica a hidratação do pet com água de coco como uma forma de repor líquidos e sais minerais. Mas atenção à presença de sangue nas fezes, isso indica que algo não vai bem. Nesse caso, ou se o animal tiver episódios persistentes, busque ajuda do veterinário.

    Outro dos efeitos colaterais possíveis, e do qual os tutores relatam certo receio, é a queda de pelos. O veterinário reforça que o efeito é raro e, quando ocorre, os pelos voltam a crescer com a interrupção do tratamento.

    Rotina pode ser mantida

    Embora alguns cuidados sejam necessários, não é preciso mudar a rotina do animal enquanto realiza o tratamento com quimioterapia. Por exemplo, o pet pode continuar comendo a mesma ração, a não ser que o veterinário recomende alguma alteração na dieta ou que ele esteja passando mal, como mencionado acima.

    Os banhos também estão liberados, desde que sejam dados em casa. Não é indicado levar o cão ou gato ao pet shop para evitar contato com outros bichos, especialmente porque pode haver animais que não estão vacinados e isso é perigoso.

    O mesmo vale para os passeios. Embora o tutor possa levar seu cão para caminhar, é bom manter a cautela, evitar outros animais e locais em que haja risco de doenças. O cruzamento também não é recomendável.

    cachorro tomando banho em casa
    Os banhos nos pets durante a quimioterapia devem ser feitos em casa (Foto: Reprodução)

    Atenção durante a higiene

    “Por cerca de cinco dias após a quimioterapia, é muito importante que o tutor use luvas para manusear as fezes e a urina do seu pet”, aconselha o veterinário do Nouvet.

    Além disso, o ambiente onde ele faz suas necessidades precisa ser descontaminado com uma limpeza bem feita, sendo importante usar luvas e calçados fechados.

    Cuidados com os medicamentos

    Os medicamentos usados para tratar câncer em pets devem ser mantidos refrigerados em um recipiente plástico com tampa e longe dos alimentos e bebidas.

    É fundamental que o tutor manipule essas medicações apenas com luvas e nunca abra as cápsulas, enquanto mulheres grávidas e pessoas portadoras de doenças autoimunes devem evitar manipular o produto.

    O especialista explica ainda que não é recomendado flexibilizar a prescrição medicamentosa sem uma autorização expressa do médico. Todas as decisões devem ser tomadas pelo profissional.

    Outras precauções

    O médico-veterinário é o responsável por definir a frequência das consultas conforme as necessidades de cada animal. Além disso, exames de sangue são necessários antes de cada sessão de quimioterapia.

    É importante entender que é natural o animal apresentar apatia nas primeiras semanas após o tratamento. Contudo, se ele apresentar apatia severa, é preciso consultar um veterinário.

    Também é necessário procurar ajuda especializada se o animal parar de se alimentar dentro de 24 horas ou se tiver mais de três episódios de vômito ou diarreia.

    “É uma jornada de cuidado, mas com o acompanhamento especializado, atenção aos detalhes e muito carinho, é possível proporcionar ao pet qualidade de vida durante esse período”, finaliza Nazilton.

    Fonte: Nouvet, adaptado pela equipe Cães e Gatos.

    FAQ sobre os cuidados durante a quimioterapia em pets

    Os pets durante a quimioterapia podem tomar banho?

    Os animais durante tratamento podem tomar banho, desde que a higienização seja realizada em casa. Deve-se evitar idas ao pet shop.

    Quais os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia em pets?

    Os efeitos colaterais mais comuns são vômito, diarreia e apatia, mas geralmente são leves e transitórios. Já a perda de pelos é incomum.

    É preciso mudar a alimentação de pets em quimioterapia?

    Não é necessário realizar mudanças na alimentação dos pets, a não ser que o médico-veterinário responsável pelo animal determine.

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