Na Medicina Humana o uso de suplementos é muito comum, especialmente, por quem pratica atividades físicas com frequência. Contudo, eles também são necessários para garantir o aporte de nutrientes para os animais?
A resposta para essa pergunta é “depende”. Segundo a médica-veterinária pós-graduada em nutrição de cães e gatos, Beatriz Gaibina Rebouças de Carvalho, a indicação para a utilização de suplementos nos pets varia conforme o tipo de alimentação e a sua fase da vida.
“Os animais que se alimentam de ração seca com qualidade premium e super premium não requerem suplementação. Esses alimentos já são considerados completos e balanceados, garantindo o aporte nutricional que os pets precisam”, explica.
Por outro lado, de acordo com a profissional, cães e gatos que comem alimentação natural sempre irão precisar de suplementação para que a dieta fique equilibrada e não faltem nutrientes essenciais ao longo da vida.
“Mesmo que o cardápio seja 100% adequado a rotina e peso do pet, os alimentos presentes na alimentação natural não possuem os nutrientes essenciais na quantidade indicada. Normalmente, nessas dietas é comum faltar iodo, sódio, selênio, vitamina D, vitamina B, magnésio, cálcio e zinco. Devido a isso, é importante realizar a suplementação”, comenta Beatriz.
Como deve ser feita a suplementação?
“Basicamente, a suplementação consiste em utilizar compostos com variadas vitaminas, minerais e aminoácidos, que precisam ser consumidos diariamente”, conceitua a médica-veterinária.
Segundo ela, atualmente, existem suplementos que podem ser comprados prontos nos pet shops ou manipulados em farmácias de manipulação veterinárias. Com relação a apresentação, há uma boa variação, sendo possível encontrar opções em pó, líquidas, em sachê, biscoitos e cápsulas.
Contudo, para saber se um animal realmente precisa de suplementação é necessário passar por uma avaliação veterinária e realizar exames. “Para avaliar como está a nutrição e saúde de animais adultos os exames mais importantes são hemograma, colesterol, triglicérides, avaliação de parâmetros dos rins e das enzimas hepáticas, análise de vitaminas específicas como a vitamina D, glicemia, urina tipo I, coproparasitológico e ultrassom abdominal” enumera a profissional.
Já para os idosos, ainda de acordo com Beatriz, deve-se incluir na lista de exames eletrocardiograma, ecocardiograma e pressão arterial.
Se com os exames for vista a necessidade de suplementação ou se o pet come alimentação natural, o médico-veterinário deverá prescrever o suplemento de maneira individualizada. “A quantidade e o tipo de suplementação devem ser definidos por um médico-veterinário. O profissional irá determinar quais são os nutrientes e a quantidade diária ideais, levando em consideração o peso, idade e estilo de vida do animal”, explica Carvalho.
Mesmo que existam os suplementos vendidos prontos, caso o pet tenha um paladar mais seletivo é possível fazer a manipulação. “Para cães e gatos que não se adaptam as versões comerciais eu costumo manipular o suplemento. Existem apresentações em pó, líquido sem sabor para misturar na alimentação ou em forma de biscoito. Nessas é possível escolher o sabor preferido do animal”, afirma a doutora.
Cuidados com fêmeas prenhas e filhotes
Por mais que em algumas situações seja necessário utilizar suplementos para os cuidados com a saúde dos animais adultos e idosos, na prática os que mais precisam de suplementação são as fêmeas prenhas e os filhotes.
“Na fase da prenhez as cadelas e gatas normalmente requerem suplementação específica. Nesse caso os suplementos ajudam a garantir os nutrientes essenciais para o aporte nutricional da mãe e dos filhotes, evitando abortamento, malformações e retardo no crescimento dos bebês”, comenta a médica-veterinária.
Já com relação aos filhotes, segundo a profissional, é indicado o uso de suplementos quando eles nascem para assegurar que irão se desenvolver dentro da curva de crescimento esperado.
Suplementos para manejo de doenças
Nos últimos anos foi possível observar o uso crescente de nutracêuticos, tal como os suplementos, na Medicina Veterinária para auxiliar no tratamento clínico de algumas doenças.
Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 são os mais utilizados atualmente e podem oferecer benefícios no tratamento de hipertensão, artrites, câncer e doenças renais, cardíacas, gastrintestinais e autoimunes (ZAINE et al., 2014).
Além disso, mesmo com poucos estudos, a suplementação de vitamina E também tem se mostrado benéfica para os animais. Essa vitamina é indicada como tratamento adjuvante para doenças dermatológicas e hepatobiliares (VANDEWEERD; CAMBIER; GUSTIN, 2013) e também promoveu bons resultados em pets com doença inflamatória hepática crônica (TWEDT; WEBB; TETRICK, 2003).
REFERÊNCIAS
TWEDT, D. C.; WEBB, C. B.; TETRICK, M. A. The effect of dietary vitamin E on the clinical laboratory and oxidant status of dogs with chronic hepatitis. Journal of Veterinary Internal Medicine, Philadelphia, v. 17, n. 3, p. 418A, 2003.
VANDEWEERD, J-M.; CAMBIER, C.; GUSTIN, P. Nutraceuticals for canine liver disease: assessing the evidence. The Veterinary clinics of North America. Small Animal Practice, Philadelphia, v. 43, n. 5, p. 1171-1179, set. 2013.
ZAINE, Leandro et al. Nutracêuticos imunomoduladores com potencial uso clínico para cães e gatos. Semina: Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina, v. 35, n 4, p. 2513-2529, fev. 2014.
FAQ
Para que serve o suplemento alimentar para cães e gatos?
Os suplementos alimentares têm como função ofertar a quantidade necessária de vitaminas, minerais e outros compostos aos animais. Eles são indicados quando a alimentação regular não garante o aporte nutricional que os pets precisam ou para ajudar no tratamento de doenças.
Quais são os melhores suplementos para cães e gatos?
O melhor suplemento para os cães e gatos é aquele que o animal precisa tomar de acordo com a sua saúde e fase da vida. Por isso, a indicação do uso e a prescrição deve ser feita por um médico-veterinário.
É permitido dar suplemento para os pets?
Sim, o uso de suplementos é indicado para cães e gatos, mas somente se o animal tiver a necessidade de tomá-los.
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