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Veterinários devem buscar equilíbrio emocional para garantir qualidade no atendimento

Receber um paciente com doença grave ou em estado crítico após um acidente exige do profissional uma resposta rápida para garantir as melhores chances de recuperação
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

A frase “eu posso imaginar” pode cair bem em algumas situações, mas, quando se trata dos desafios emocionais que os médicos-veterinários lidam diariamente em seus atendimentos, só quem vive pode sentir. Então, nesse dilema, como esses profissionais lidam com o lado emocional para atender da melhor forma possível pacientes críticos?

Conversamos com o médico-veterinário Eric Prestes, que atende em Sorocaba, interior de São Paulo, e é indicado por muitas pessoas por conta de seu trabalho de excelência com pets em quadros complicados.

Alguns veterinários consideram complicada a tarefa de separar o lado emocional do profissional (Foto: reprodução)

Para Prestes, os principais desafios que enfrenta durante os atendimentos são o peso da responsabilidade e a autocobrança, por querer salvar aquele animal a todo custo, mesmo sabendo que, em alguns casos, será impossível reverter o quadro. “Além disso, nosso trabalho é acompanhado pela frustração de não poder fazer mais do que já foi feito. Também há a pressão de lidar com a expectativa dos tutores, que, muitas vezes, estão em um misto de desespero e esperança, e acabam dificultando o atendimento”, compartilha.

O veterinário comenta que é bastante difícil separar o lado pessoal, com emoções, do profissional: “Mas isso é fundamental, principalmente, durante a emergência, para que as decisões sejam baseadas na lógica em vez de serem tomadas pelas emoções. Misturar os dois influencia diretamente na qualidade do tratamento e na saúde mental do próprio veterinário”, destaca e adiciona que uma decisão impulsiva ou errada vai interferir diretamente no desfecho do quadro.

Ele discorre que ter empatia pelo animal é essencial para entender a dor dele e do tutor, mas a tomada de decisão rápida é ainda mais importante para o sucesso do tratamento. “A prática e a experiência ajudam a desenvolver essa habilidade de equilibrar emoções e ações, permitindo que se permaneça focado no atendimento”, insere.

Apesar de todas essas dificuldades que, com certeza, a maioria dos veterinários encara, algumas estratégias podem ajudá-los a se manter focados tanto para manterem sua saúde mental em dia, quanto para poderem salvar os animais que recebem. “Existem várias técnicas que podem nos ajudar, desde a terapia de suporte psicológico, meditação, academia e, até mesmo, hobbies. Cada veterinário busca a forma que se sente melhor para lidar com esse processamento de emoções. Pessoalmente, gosto de sair com meus amigos e possuo, também, uma atividade de vôlei semanal, isso me permite ‘sair’ da rotina veterinária em alguns momentos para que eu possa entender melhor como estou”, revela.

Além disso, o trabalho em equipe e o suporte dos colegas de profissão podem ajudar o veterinário, de acordo com Prestes. “Trabalhar em equipe alivia a pressão e a cobrança excessiva pessoal. Sentir que tem um colega que pode te apoiar ou está ao lado para te ajudar naquele momento, faz a diferença. Cada veterinário tem seu conhecimento e sua experiência, quanto mais pessoas apoiando, mais confiantes ficamos de que iremos conseguir resolver o caso da melhor maneira, independente do que seja”, expõe.

Não ensinam na faculdade

A prática e a experiência ajudam a desenvolver essa habilidade de equilibrar emoções e ações do profissional (Foto: reprodução)

Enquanto os tutores de pets acreditam que os veterinários devem trabalhar por amor, o o curso de Medicina Veterinária e o mercado cobram os profissionais para que sejam cada vez melhores. Isso é importante? Sim, mas a saúde mental, que deve vir em primeiro lugar para qualquer pessoa, independente da profissão, não é um tema muito abordado durante a formação desses clínicos.

Segundo Eric Prestes, o que vem como um ombro amigo são workshops e palestras sobre o tema fora da universidade. “Algumas faculdades também incluíram temas sensíveis como Burnout e Fadiga da Compaixão em suas aulas. Apesar disso, ainda acredito que o acompanhamento profissional e especializado é, ainda, o mais importante para ajudar a pessoa a entender qual a sua forma de lidar com a situação”, pontua.

Para evitar o esgotamento emocional, o veterinário afirma que é importante estabelecer limites e saber separar a vida pessoal da profissional. “É preciso dar uma pausa para conseguir digerir esse ‘excesso’ de emoções e informações que recebemos durante o trabalho. Aprender a reservar tempo de qualidade para si mesmo e buscar terapia quando necessário deve ser prioridade”, encerra.

FAQ

Quais são os principais desafios emocionais enfrentados por veterinários em atendimentos?
Os desafios incluem o peso da responsabilidade, a autocobrança, a frustração de não poder fazer mais, e a pressão de lidar com as expectativas dos tutores.

Quais estratégias ajudam os veterinários a manter a saúde mental?
Técnicas como terapia, meditação, hobbies, e atividades físicas como jogar vôlei ajudam a lidar com o estresse. O suporte de colegas e o trabalho em equipe também são essenciais.

Como a formação em Medicina Veterinária aborda a saúde mental dos profissionais?
Embora algumas faculdades incluam temas como Burnout e Fadiga da Compaixão, a saúde mental ainda é pouco abordada, e o acompanhamento profissional externo é considerado mais importante para lidar com esses desafios.

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